Uma história simples — talvez

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Imaginem. As vezes, a mãe consegue nos fazer ouvi-las e sairmos com o guarda-chuva. Ainda bem, porque nesse dia específico, I. Não fiquei encharcada durante 4 horas em um laboratório com ar-condicionado; e II. Dei uma carona. Estou acostumada a minha cabeça ficar repassando os momentos que me assustam, as respostas e atitudes das pessoas para saber se cometi algum erro, e agora ela tem esse outro tipo de momento para reprisar. De coragem. Ofereci uma carona. Pela primeira vez. EM UM GUARDA-CHUVA.
Carona em um guarda-chuva. Pois é, achei a piada ótima.
Muitos, inclusive eu, desceram em uma parada de ônibus, começaram a abrir os guarda-chuvas e seguir seus destinos. Mas, uma garota desconhecida ficou parada, com rosto para chuva com aquela expressão que todos fazemos ao analisar se dar para esperar estiar ou o compromisso é muito importante, ou se a imagem molhada é aceitável para onde vai, ou quantas horas vai ter que aguentar o frio. Sem plot twist, perguntei se a garota estava indo para o setor 'tal' e quando ela confirmou ofereci um espacinho em baixo do guarda-chuva. Rimos quando nos deparamos com uma extensa poça d'água, procurando como ultrapassá-la sem estragos, a vencemos, mas a própria chuva conseguiu um belo ataque a nossos calçados.
Agi antes do meu cérebro alarmar que eu iria incomodá-la, cometer um erro, passar vergonha... Deu certo. Está dando certo. Pequenos grandes momentos como esse me mostram porque não desisti de tentar medicação quando o psiquiatra aumentou a dosagem e senti uma bagunça ainda maior na minha cabeça, nem da terapia quando tive que enfrentar o medo de coisas ainda não ditas a mim mesma. Mesmo com as mudanças dentro de mim, não posso deixar de enxergar tantas que vêm de fora, o que é bem compactado nessas palavras do k-drama Goblin. Uma definição para 'deus' sem peso.

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